O Diretor Clínico do Hospital Estadual Dirceu Arcoverde (HEDA), médico Carlos Teixeira, classificou como natural o desgaste emocional dos profissionais de saúde que estão na linha de frente do tratamento da Covid-19 naquele hospital e disse que, “mesmo cansados,  quando o paciente tem uma melhora clínica aquilo funciona como combustível e, assim, eles continuam se empenhando. A direção do HEDA agradece  todos os profissionais, desde o setor de base, zeladores, maqueiros, até os médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e os fisioterapeutas. Porque é desgastante. Nós que estamos no dia a dia do Covid a gente percebe o quanto  é grande o desgaste emocional desses profissionais”.

Segundo ele, o desgaste emocional se acentua quando um paciente vem a óbito, “porque aquele paciente termina se tornando um ente da família. Diariamente os profissionais estão lutando pelo melhor da vida daquela pessoa. O desgaste é natural, principalmente emocional nesse último ano e meio em que estamos lutando contra essa pandemia”- disse o diretor.

O médico Carlos Teixeira destacou também o trabalho que vem sendo feito pelos novos profissionais  recém saídos das universidades. “A primeira turma de medicina teve a antecipação de sua colação de grau para ajudar  na pandemia. São profissionais valorosos, que eu acompanhei também na vida estudantil  como professor de quase todos e vi a competência que eles tiveram em manejar os pacientes no Civid.  Então todos os profissionais que vieram da universidades, principalmente a Federal do Delta do Parnaíba, tem um trabalho exemplar e são os profissionais que merecem todo o respeito da gente. Hoje a maioria dos estudantes de medicina já é vacinada, pelo plano nacional de imunização. E são profissionais da linha de frente tanto no Covid quanto fora.

Ao contrário do que muitos pensam de que o paciente intubado está com  poucas chances de sobreviver, o médico explica que depende de cada paciente. “Aqueles pacientes  que são intubados no início da doença, precocemente, para a proteção do pulmão, a gente tem em torno de 70 a 75% que são extubados  e recebem alta . Mas  alguns pacientes que vão a óbitos, mesmo intubados, são aqueles que estão em tratamento de longo prazo e que a regeneração do pulmão não é boa. A maioria  desses pacientes já tem mais de 10 dias de sintomas,  que é a fase inflamatória, que é a pior fase. O pulmão  não tem uma recuperação muito boa. Já chegam com um comprometimento muito importante e dificilmente esse comprometimento pode ser revestido. Mas se a intubação é precoce para a proteção do pulmão, há a alta do paciente.

O diretor enfatizou ainda a importância da reabertura do Hospital Nossa Senhora de Fátima pelo Governo do Estado, através da Secretaria de Saúde. “Antes do Anexo II (HNSF) a demanda era muito grande. Nós tínhamos  49 leitos na Promédica (Anexo I) e aumentamos para 61. Então, em menos de 24 horas todos esses leitos que foram abertos foram ocupados. Com o Anexo II, nós tivemos uma diminuição da procura no anexo I, principalmente para leitos clínicos. Quanto mais a gente abra leitos mais pacientes tem para internação. Diminuiu o gargalo de pacientes que necessitam de intubação e até mesmo de UTI. Porque com os leitos clínicos que foram abertos a gente consegue suprir a demanda por causa da canalização do oxigênio. Essa era a nossa dificuldade no anexo I, onde a gente usava apenas cilindros de oxigênio”.