Para muitos, ser pai pode ser fácil, mas os papais de primeira viagem não concordam muito com isso! “Ser pai é você saber conciliar o trabalho fora de casa, a família, a esposa e os amigos com o novo bebê que está chegando. Isso me deixa um pouco apreensivo, saber que uma vida nova está surgindo e precisa do meu carinho, cuidados e pulso forte para crescer nesse mundo cheio de incertezas”. É esse o depoimento de Francisco Ronaldo, que será pai em poucos dias, durante a roda de conversa do projeto “Pai é Pai: rompendo preconceitos, compartilhando cuidados”, da Maternidade Dona Evangelina Rosa.

Para acompanhar e orientar os papais, tirar dúvidas, a equipe de Serviço Social da Maternidade realiza todas às terças-feiras, no Instituto de Perinatologia Social (IPS), o Projeto, em rodas de conversas, onde os papais são convidados a refletir sobre diferentes temas com uma equipe multiprofissional da Instituição, (médicos, nutricionistas, dentistas, psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros).

O projeto se destina a todos os futuros papais e aos já veteranos também, que necessitem de orientações sobre como ajudar a mãe a cuidar do bebê. Tarefa essa, que não é tão fácil, segundo Adeliana Nascimento, assistente social da MDER. “Precisamos estimular a capacidade paterna no âmbito do cuidado integral da neonatal e da mulher durante todas as fases do pré-parto, parto e pós-parto, sensibilizando e orientando os pais da importância paterna na vida da criança, principalmente nos primeiros dias de vida, quando a mãe e o recém-nascido mais precisa de cuidados e compreensão”, comenta.

Nas rodas de conversa, a equipe do serviço social constatou a necessidade de estimular à participação paterna nos espaços da Maternidade Dona Evangelina Rosa, sobretudo contribuir na desconstrução do entendimento de que o cuidado infantil é uma atividade fundamentalmente feminina, oportunizando-os reconhecer que o homem pode também ser protagonista nos processos de cuidado infantil.

“Cabe observar, que mesmo existindo uma determinação legal através da Lei 11.108, de 07 de abril de 2005, que dá direito a paciente escolher um acompanhante no período do pré-parto, parto e pós-parto, muitas mulheres não escolhem seus parceiros porque os consideram incapazes de cuidar dos seus filhos, ou mesmo pela resistência deles com a justificativa de não saber cuidar”, comenta Joseane Braga assistente social.

Joseane diz ainda que em outros casos os pais se limitam apenas de presenciar o momento do parto ou encontrar uma acompanhante na família para ajudar nos cuidados da mãe e do bebê. “Essas atitudes sinalizam a desqualificação da figura paterna e a sobrevalorização da figura feminina como a única responsável pelos cuidados dos filhos, por isso a importância desse projeto social, que pode contribuir no estímulo à realização de novas formas de interação do homem com sua família e, sobretudo com seus filhos, desmistificando padrões culturais machistas e preconceituosos em nossa sociedade que reforçam a desigualdade de gênero, principalmente no âmbito do cuidado”, pontua.

“Gostei bastante de participar dessa primeira roda de conversa. Já tenho uma filha e minha esposa está realizando o pré-natal aqui na maternidade. Hoje enquanto eu a acompanhava resolvi participar. Esta é uma oportunidade que estamos tendo de tirar todas as dúvidas sobre cuidados, acompanhamento além de certidão de nascimento e até sobre a licença paternidade”, diz Leonardo Passos Nunes, futuro papai.

O Projeto “Pai é Pai: Rompendo preconceitos, compartilhando cuidados” além de incentivar o reconhecimento da figura paterna na promoção do desenvolvimento, da proteção e dos cuidados com a família, contribui para que a instituição, em respeito à cidadania dos seus usuários, preste um atendimento humanizado, na medida que a equipe de saúde da MDER não limitará apenas à atenção no binômio mãe e bebê, mas todos os envolvidos, ou seja, a família. São ações que buscam uma visão ampliada de saúde, melhorias na forma do atendimento, e, sobretudo, uma maior satisfação das famílias atendidas. 

Por Elis Pegado