Depois de visitar dez canteiros de obras e conhecer a rotina de trabalho de cerca de 500 trabalhadores da construção civil de Teresina, o Centro Estadual de Referência em Saúde do Trabalhador vai retomar, a partir do próximo mês, o projeto “Vigilância à Saúde do Trabalhador da Construção Civil”. A equipe de técnicos composta por engenheiros do trabalho, fonoaudióloga e fisioterapeuta deverão retornar aos canteiros de obras para iniciar mais um trabalho de orientação e educação sobre a importância de se prevenir riscos que possam comprometer a saúde do trabalhador. Os técnicos já estão se reunindo periodicamente para planejar a segunda etapa do projeto, que tem como objetivo identificar os riscos e as cargas de trabalho a que estão sujeitos esses trabalhadores, já que, segundo dados do Ministério do Trabalho, depois dos estabelecimentos de Saúde, a construção civil é um dos ramos de atividades econômicas onde ocorrem mais acidentes e doenças do trabalho. Nas inspeções nos canteiros realizadas de outubro de 2006 a abril de 2007, foi constatado que 90% dos trabalhadores não usavam os EPIs (Equipamentos de Proteção Individual); 70% dos canteiros não dispunham de EPCs (Equipamentos de Proteção Coletiva); 50% das construtoras não fornecem de maneira adequada os EPIs; 100% não implementam o PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional ). Outra observação feita pelos técnicos do Centro é a ausência de um programa educativo contemplando a presença da temática da prevenção de acidentes e doenças do trabalho. “Um dos grandes riscos que os trabalhadores sofrem é a não utilização de EPIs. As construtoras até fornecem esses equipamentos, mas os trabalhadores têm resistência ao uso. Outros riscos que afetam muito os trabalhadores dizem respeito aos riscos mecânicos, que são problemas relacionados à queda de altura e perda de membros do corpo, além dos riscos ergonômicos como esforço excessivo de cargas e monotonia e repetição exagerada dos movimentos”, explica José Henrique Lula, engenheiro do Trabalho do Cerest. Todos os resultados foram levantados através da aplicação de questionários, que vão nortear os trabalhos educativos nos locais de trabalho. “Com base nos riscos levantados, nossas ações vão estar relacionadas a temas como a prevenção de ruídos (barulho), riscos ergonômicos como excesso de peso, maneira correta de levantar a carga, postura no ambiente de trabalho. Além disso, estamos prontos para auxiliar as empresas a montar o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional”, ressalta a engenheira do Trabalho do Centro, Patrícia Monteiro. A partir dessa perspectiva, o Centro já produziu e distribuiu uma série de cartilhas para serem utilizadas em ações educativas de promoção e prevenção da saúde. “Nosso objetivo é fazer cada vez mais parcerias para melhorar o projeto, especialmente através dos sindicatos da Indústria da Construção Civil e dos Trabalhadores da Construção Civil. É importante que estreitemos os laços para trabalharmos juntos para garantir mais segurança e saúde aos trabalhadores”, ressalta Vera Regina, coordenadora de Saúde do Trabalhador. Para tanto, o Cerest conta com a parceria de entidades como o Ministério Público do Trabalho, a Delegacia Regional do Trabalho, o INSS e o Conselho Regional o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil, Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Piauí.