Para o Ministério da Saúde e a Sociedade Brasileira de Triagem Neonatal, o Piauí é um exemplo para todo o Brasil em eficiência e rapidez no Programa de Triagem Neonatal, o Teste do Pezinho. De acordo com a presidente da Sociedade Brasileira de Triagem Neonatal e assessora de Triagem Neonatal do Ministério da Saúde, Tânia Merini, o programa apresenta um crescimento evolutivo surpreendente no Piauí, já que, em apenas um ano e três meses conquistou um índice de triagem de cerca de 50% entre os nascidos vivos no Estado. A representante do Ministério explica que, ao contrário do que vem sendo divulgado, o Piauí não deve ser encarado como um Estado ineficiente e atrasado no que se refere ao programa. “Muito pelo contrário. No último Congresso Brasileiro de Triagem Neonatal os técnicos foram unânimes em afirmar que o Piauí é sim um destaque em todo país. Em muito pouco tempo o Estado tem feito um trabalho excelente ao levar de forma rápida e eficiente o teste ao interior do Estado”, garante Tânia. Para explicar como a evolução do programa no Piauí vem tendo um crescimento acelerado, Tânia faz um paralelo com outros Estados. Ela ressalta que o Ministério da Saúde implantou o Programa de Triagem Neonatal em 2001 e que já nesse período, muitos Estados brasileiros se habilitaram. “O Piauí só conseguiu sua habilitação em novembro de 2004, iniciando a fazer o Teste de forma devidamente estruturada em dezembro de 2005. Mesmo com pouco mais de um ano executando o programa, o Piauí já conseguiu se equiparar a Estados como o Rio Grande do Norte, que possui cinco anos de habilitação e que possui praticamente o mesmo índice de cobertura”, destaca. Ela ainda explica que, se levado em consideração apenas o índice de cobertura do Teste do Pezinho, certamente o Piauí teria bem mais que o 50% conquistado até agora. É que além dos testes feitos através do Programa de Triagem Neonatal no interior e na Maternidade Dona Evangelina Rosa, em Teresina, a Prefeitura Municipal de Teresina em parceria com a Apae também vem fazendo o Teste do Pezinho na capital, o que garante uma cobertura populacional de nascidos vivos bem superior aos 50% indicados pelo Ministério da Saúde. “Nós do Ministério da Saúde só consideramos esse número porque é ele que faz parte do Programa de Triagem Neonatal, que é uma política de saúde do Governo Federal. Certamente, se fosse levado em consideração o que a Prefeitura e as clínicas particulares fazem em Teresina esse índice seria bem maior”, destaca. Por outro lado, Marini ressalta a importância e a necessidade de se fazer a triagem através do Programa. “Só o Programa de Triagem Neonatal garante, mais que o simples teste, mas também o acompanhamento e o tratamento integrais de crianças de possam apresentar qualquer problema. Por isso a importância de se lutar para que todos os municípios façam o teste através do Programa”, diz Tânia. Aumento de cobertura depende da adesão dos municípios Apesar dos esforços do Ministério da Saúde e do Estado do Piauí, que já treinou todos os municípios há mais de um ano, sem o esforço dos municípios nada pode ser feito para aumentar o índice de cobertura do programa no Piauí. É que para que os municípios comecem a oferecer o Teste do pezinho eles precisam se habilitar junto a Secretaria Estadual da Saúde. De acordo com a coordenadora de do Programa no Piauí, não existe burocracia. “Basta que eles façam um requerimento pedindo a habilitação, nós ajudamos em tudo. O município só precisa ter uma sala e um profissional para fazer o teste. Não é nada complicado”, diz Gardênia Val. A Secretaria Estadual de Saúde, através do Laboratório Central, além de treinar todos os profissionais, ainda envia todo material necessário para o teste. “Enviamos o papel de filtro, que é onde é feita a coleta, a lanceta, os envelopes em que eles vão nos enviar as amostras. Até o porte de envio é pago pela Secretaria de Saúde. O exame é feito imediatamente que chega ao Lacen”, explica Antônio Carlos de Carvalho, bioquímico supervisor da Triagem neonatal do Lacen. Ele ainda ressalta que logo que se detecta alguma alteração nos testes a assistente social do laboratório faz uma busca ativa do paciente. “Nós entramos em contato com o município para localizar e confirmar o diagnóstico na criança. No Hospital Infantil ela recebe o tratamento adequado com uma equipe multidisciplinar”, destaca Carvalho. Atualmente, 155 municípios estão cadastrados no programa, o que corresponde a 68,58% dos municípios piauienses. “O nosso objetivo é fazer a triagem em 100% dos nascidos vivos do Estado. Já esse ano vamos avançar muito nesse sentido”, destaca Gardênia Val, ressaltando que existe 179 postos de saúde no Estado que fazem a coleta para o Teste e que 82 desses postos, em 70 municípios já recebem os resultados dos exames via Internet. Em 2005 foram feitos 21.025 exames e até o mês de março de 2006 esse número é de 7320. Todas as 23 crianças que tiveram detectadas alterações nos testes no Piauí desde o ano passado estão recebendo tratamento no Hospital Infantil. Dessas, 7 tiveram exames de Fenilcetonúria alterados e 14 de Hipotireoidismo Congênito.