O novo balanço da dengue divulgado pelo Ministério da Saúde indica que o país registrou 536.519 casos no período de janeiro a novembro de 2007. Destes, 1.275 foram de casos de Febre Hemorrágica de Dengue (FHD), com 136 óbitos. A maior concentração de casos ocorreu nos cinco primeiros meses do ano, quando 442.898 pessoas contraíram a doença, o que corresponde a 82% do total notificado até o momento. O Ministério da Saúde informa que, este ano, foram notificados quase 200 mil casos de dengue a mais do que em 2006. Esse aumento no número absoluto de casos está relacionado à ocorrência de epidemias registradas nos estados do Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio de Janeiro e Pernambuco. De acordo com o balanço preliminar, a taxa de letalidade por FHD vem aumentando. Em 2002, quando foi registrado o maior pico epidêmico da doença no Brasil, com o registro de 794.219 casos de dengue, houve 2.714 FHD. Desses, 150 morreram, o que representou taxa de letalidade de 5,5%. Na avaliação de 2007, mesmo com menos notificações de casos de FHD e de óbitos, a taxa é de 10,7%. A maioria dos casos da doença correu nas cidades com menos de 100 mil habitantes (44%). Os municípios com população entre 100 mil e 500 mil habitantes concentraram 27% das notificações, enquanto que outros 15% dos casos ocorreram em cidades com porte de 500 mil a 1 milhão de habitantes. Nas cidades com mais de 1 milhão de pessoas a concentração foi de 14% das ocorrências. O monitoramento da circulação viral demonstra que o sorotipo DEN 3 continua sendo predominante no país, representando 79% das amostras isoladas. Entretanto, observa-se, também, um percentual importante (18%) de isolamentos do sorotipo DEN 2, sendo esse sorotipo predominante nos estados de Alagoas, Ceará, Maranhão, Piauí, Amapá e Roraima. Regiões Segundo os parâmetros do Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD), as regiões, estados ou municípios considerados com baixa incidência são aqueles que concentram menos que 100 casos por 100 mil habitantes. Já os locais considerados de média incidência apresentam entre 100 e 300 casos por 100 mil habitantes. As áreas consideradas de alto risco são as que têm incidência maior que 300 por 100 mil. Na avaliação por regiões, a Centro-Oeste apresenta a maior taxa do país – 811 por 100 mil habitantes. Entre janeiro e novembro de 2007, a Região Centro-Oeste notificou 109.640 casos de dengue, com 190 casos de FHD e 34 óbitos. O monitoramento viral apontou a circulação dos sorotipos DEN1, DEN2 e DEN3. No Centro Oeste em 2007, o estado do Mato Grosso do Sul concentra 68% das notificações (74.337 casos) e apresenta a maior incidência (3.188 casos por 100 mil habitantes). Considerando que a capital do estado enfrentou uma epidemia, o balanço parcial destaca a organização do sistema municipal de saúde de Campo Grande (MS) em ações articuladas com Secretaria de Estado da Saúde (SES) na atenção aos pacientes com dengue, permitindo rápido acesso aos serviços de saúde e reduzindo taxa de letalidade pela doença. No Nordeste, o registro de dengue representa 26% do total do país. Ao todo, foram 140.075 casos. Nessa região, o Ceará apresentou o maior número de casos (38.479), seguido por Pernambuco (31.878). Existe um predomínio da transmissão em municípios com população inferior a 100 mil habitantes. Esta região engloba grandes centros urbanos do país e que, considerando o grande número de pessoas expostas, tiveram baixo registro de casos de dengue, destacando-se Salvador e Recife, com 984 e 2.910 casos respectivamente. Os municípios com maior registro de notificações foram Fortaleza (CE), com 14.552 casos e taxa de incidência de 592 casos por 100 mil habitantes, e Caruaru, com 7.382 casos e taxa de incidência de 2.567 casos por mil habitantes. A Região Norte registrou este ano 46.012 casos de dengue e confirmou 140 casos de FHD, com 14 óbitos. Apesar de ser a região com menor número absoluto de casos, há estados com altas taxas de incidência como Tocantins (1.344 por 100 mil habitantes), Amapá (864 por 100 mil habitantes) e Roraima (530 por 100.000 habitantes). A transmissão nesta região foi predominante em municípios com população de até 500 mil habitantes. Destaca-se também a baixa transmissão ocorrida no município de Manaus, um grande centro urbano da região, com o registro de 2.371 casos, também em decorrência de ações integradas entre as instâncias do Sistema Único de Saúde (SUS). O município da região com maior número de casos de dengue é Palmas (TO) com 9.122 notificações e incidência de 3.906 casos por 100 mil habitantes. O Sudeste concentrou 35% dos casos de dengue (190.136), representando aumento de 35% quando comparado com o mesmo período de 2006. Houve uma maior transmissão nos municípios com menos de 500 mil habitantes, a exemplo dos registros nas cidades de São José do Rio Preto (SP), Niterói (SP) e Teófilo Otoni (MG), por exemplo. O estado de São Paulo apresentou o maior número de casos (80.893), dos quais 12% (9.334) no município São José do Rio Preto. No Rio de Janeiro a notificação de casos de dengue ficou em 57.112 casos, dos quais 37% foram notificados na capital (21.237 casos). Em Minas Gerais, os casos chegaram 41.511, sendo 8.314 em Belo Horizonte. Quanto à Região Sul, entre janeiro e novembro de 2007 foram notificados 50.656 casos de dengue e o estado do Paraná confirmou nove casos de Febre Hemorrágica, com cinco óbitos. Em percentuais, essa foi a região que apresentou o maior aumento no número de casos comparando com o mesmo período em 2006, variando 827%. Isso ocorreu em virtude das transmissões ocorridas em vários municípios do estado de Paraná, em especial nas cidades com menos de 100 mil habitantes. O estado do Rio Grande do Sul notificou o primeiro caso confirmado de dengue autóctone (confirma a presença de mosquito infectado no estado) com transmissão em abril de 2007. Até novembro foram notificados 1.218 casos de dengue,com a confirmação de 262 casos autóctones, distribuídos nos municípios de Giruá (216), Erechim (31), Três de Maio (11), Horizontina (2) e Tuparendi (2). Neste mesmo período, o estado do Paraná registrou 48.817 casos, sendo que Maringá notificou 8.356 casos (17%), Foz do Iguaçu 4.630 casos (9%) e Londrina 3.777 casos (8%). Comparando os dados de janeiro a novembro de 2007 do Estado do Paraná com o mesmo período em 2006, observa-se um aumento de 864% no número de casos. Santa Catarina é o único estado brasileiro que continua sem transmissão autóctone de dengue. Nesse estado foram registrados 621 casos, todos importados, ou seja, não há comprovação da existência de mosquito contaminado ali.