Há 680 km de Teresina, a cidade de Bom Jesus é reconhecida como um celeiro de bons negócios, especialmente na agricultura. É para chamar atenção da população da cidade, especialmente os responsáveis pelas lavouras, que a Secretaria Estadual de Saúde, através Centro de Referência em Saúde do Trabalhador, Cerest, está trabalhando numa série de frentes na região. Durante toda a semana passada, equipes do Cerest estiveram no município para desenvolver dois trabalhos de capacitação. Um deles foi direcionado para os agrônomos da região. Durante o curso sobre Receituário Agronômico, promovido pelo Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Piauí, CREA, os técnicos do Cerest chamaram atenção dos agrônomos para a importância de se promover desenvolvimento com respeito ambiental. Além disso, os técnicos ainda apresentaram uma pesquisa sobre o impacto do uso de agrotóxicos na saúde dos trabalhadores de Bom Jesus. Na palestra “Modelo de Desenvolvimento e o Processo Saúde e Doença do Trabalhador”, Cristiane Miranda falou sobre a importância de cada um fazer a sua parte para proteger o meio ambiente das agressões que comprometem as próximas gerações. “Além disso, é importante que todos possam estar atentos para um desenvolvimento sustentável, que permita ao trabalhador executar suas atividades de forma saudável e que não precise adoecer para sobreviver”, diz a técnica. Tema de sua dissertação de mestrado, a palestra do biólogo Jorgenei de Moraes chamou a atenção dos agrônomos sobre os cuidados necessários para a utilização desse material tão necessário quanto perigoso à saúde. “Nós podemos mostrar através de pesquisas práticas e de campo, como os agrotóxicos podem afetar à saúde da população. Por isso é importante que todos se engajem na luta pela proteção desses trabalhadores. Isso pode ser feito tanto na conscientização do uso correto do agrotóxico como através da informação sobre os seus perigos entre os próprios trabalhadores”, disse Jorgenei. Participaram do curso agrônomos de prefeituras da vizinhas de Bom Jesus, de revendas de agrotóxicos, além de agrônomos locais e autônomos. “Para meu trabalho a capacitação é importante à medida que nos dá ferramentas para fiscalizar desde a compra até a entrega das embalagens de agrotóxico”, ressalta Roberto Alves, fiscal agropecuário. Já o presidente da Associação dos Profissionais da Agronomia do Gurgueia, Nonato Mendes ressaltou o trabalho do Cerest. “É importante sabermos que podemos contar com o Centro para nos ajudar no nosso trabalho e na preservação da saúde do trabalhador. Conhecer o Cerest abriu uma possibilidade grande para nós”, disse. Além das palestras e das discussões com os agrônomos, os técnicos do Cerest ainda deram posse a primeira Comissão Interna de Prevenção de Acidentes no Hospital Regional de Bom Jesus. Os técnicos já tinham ido antes visitar o hospital para ministrar palestra sobre a importância da Comissão na prevenção e notificação dos acidentes de trabalho. “Depois de eleita a Comissão, os funcionários do Hospital estão prontos não apenas para prevenir acidentes, mas também para registrar os agravos dos acidentes de trabalho nos hospitais. Isso essencial para sabermos o que deve receber maior atenção por parte da diretoria e da própria CIPA desses estabelecimentos”, argumenta a Cristiane Miranda. Ela explica que são vários os tipos de riscos: físico, mecânico ou de acidente, químico, biológico ou ergonômico, que está ligado a questões como a posição que o funcionário senta na cadeira, o que pode levar a um agravo na saúde do trabalhador. “Além dessas orientações, através do curso, os funcionários também aprendem a fazer um mapa de risco da empresa, em que fica definido onde estão os maiores riscos no seu local de trabalho. Se todo trabalhador tivesse conhecimento dos riscos que corre e como fazer para se prevenir, muito acidente seria evitado”, garante a técnica, ressaltando que esse trabalho vem sendo feito nos hospitais públicos estaduais de Teresina e do interior.