Até o mês de agosto deste ano já foram notificados 570 casos de hanseníase em Teresina. Em apenas oito meses, a capital registrou um terço de todos os casos de hanseníase notificados no Piauí durante todo ano de 2006, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde. A distribuição dos casos por gênero na capital, avaliada no período de 2000 a 2005 foi equilibrada, sendo 50,47% dos casos da doença em homens e 49,53% em mulheres. Os homens lideram a lista da doença no estado. De acordo com a supervisora estadual da hanseníase, Nelcinda Vaz, não existe uma justificativa exata que explique esse aumento de casos entre indivíduos do sexo masculino. A supervisora comenta ainda sobre a incidência da hanseníase em pessoas menores de 15 anos. “Há uma maior concentração na faixa etária produtiva entre 20 a 64 anos, mas também temos registrado muitos casos em pessoas menores de 15 anos, o que indica um índice de endemia alto”, explica. Segundo a Secretaria Estadual da Saúde, em todos os municípios onde há incidência de hanseníase, existe um trabalho de combate da doença promovendo a capacitação de profissionais. “O Estado capacita os profissionais para o controle da hanseníase e implanta na unidade atividades para diagnosticar e tratar o paciente com a doença. Com a capacitação, quem chega para procurar os serviços pode fazer o diagnóstico precoce da hanseníase. A medicação vem via Ministério da Saúde e o tratamento é gratuito”, conclui Nelcinda Vaz. A Hanseníase é uma doença infecciosa que atinge principalmente a pele e os nervos (em especial os da face e extremidades, como braços e mãos, pernas e pés). Ela é causada por uma bactéria, chamada mycobacterium leprae, descoberta em 1873. O Brasil é o segundo país com maior número de casos da doença no mundo, perdendo apenas para a Índia. Durante muitos anos os portadores da doença foram isolados da sociedade em hospitais colônia que hoje, estão se adequando às novas políticas de saúde que pregam a inserção dessas pessoas no convívio social, já que a hanseníase tem cura. A cura e o tratamento no estágio inicial não deixam seqüelas. Quando tratado precocemente, o paciente pára de transmitir a doença já nas primeiras doses dos medicamentos, mas quando isso não acontece, o portador poderá apresentar danos neurológicos e sistêmicos em todo o corpo. Em muitos casos esses danos são irreversíveis. De acordo com a coordenadora da vigilância epidemiológica do Hospital Getúlio Vargas, Helony Rodrigues, a hanseníase pode ser transmitida pelo contato físico, porém o contágio se dá através da convivência íntima e freqüente com a pessoa portadora da doença. “O contágio não é fácil, só se for prolongando, então, não é uma doença que pega falando uma ou duas vezes, tem que conviver”, afirma. Os sintomas mais comuns da doença são: formigamento, dor nos nervos e perda de sensibilidade as temperaturas, a dor e aos estímulos táteis, além das manchas brancas ou avermelhadas. Dependendo do nervo afetado, há outros sintomas: perda de visão por lesão da córnea; paralisia da mão, alterações no suor; impossibilidade de flexão do pé. Em 2006 foram diagnosticados 1.410 novos casos de hanseníase. Destes, 684 foram só no município de Teresina. De acordo com a Organização Mundial de Saúde e Ministério da Saúde, a meta para alcance da eliminação da hanseníase é uma prevalência menor de 1 caso para cada 10 mil habitantes. No Brasil, os estados mais endêmicos da hanseníase são Pará, Maranhão e Mato Grosso. O Piauí apresentou uma prevalência de 2,25 casos para cada 10 mil habitantes no ano de 2005, sendo que a distribuição dos casos é homogênea entre os municípios.