O pequeno Eduardo Belém é um garoto de sorte. Caçula de uma família de quatro irmãos, nasceu de um parto tranqüilo e a mãe tem muito leite. Com isso, ele já têm garantidas as reservas de energia e de proteção que tanto precisa. Mas nem todos os bebês são como Eduardo. Na Maternidade Dona Evangelina Rosa, é alto o índice de crianças que nascem de parto de risco, com baixo peso, com alguma infecção ou de mães que possuem pouco ou quase nada desse alimento vital para o recém-nascido. É por isso que o Banco de Leite Humano é essencial para a vida de meninos e meninas de todo o Piauí e de muitos outros Estados que precisam do serviço de referência do Hospital. 17% das quase seis mil crianças que nascem todos os meses na Casa são de partos de risco e precisam recorrer ao programa. Apesar de o apelo ser grande, ainda é incipiente a quantidade de doações e por isso a reserva de leite no Banco é pequena. “Nós temos uma reserva de cinco a seis litros quando o ideal é que tivéssemos de 20 a 25 litros. Atualmente temos trinta e duas crianças que estão se alimentando do leite do Banco. É importante que as mães saibam que o leite doado vai para as crianças que estão em situação de risco. É uma questão de vida”, explica a nutricionista Maria do Carmo Martins. Ela ressalta que o Centro de Incentivo ao Aleitamento Materno trabalha não apenas com o fornecimento de leite para as crianças que precisam, mas também com a orientação das mães sobre a importância de amamentar seus filhos e de doar o leite em excesso. “Muitas mães acham que doando, o leite pode acabar. Mas isso não existe, pelo contrário. Mães sadias, com leite em excesso precisam doá-lo até por questões de saúde, uma vez que leite demais na mama acumula e pode gerar doenças sérias”, ressalta Maria do Carmo. A técnica em Enfermagem, Elizama Belém sabe disso. Teve os três filhos na Maternidade e retornou a Casa para doar o leite em excesso fruto do nascimento de Eduardo. Assim como muitas mães doadoras, ela vem guardando adequadamente o leite recolhido para entregá-lo a equipe do Banco de Leite, que vai buscar o material na casa das doadoras. “Eu tenho muito e sei que as crianças precisam. Retornei à Maternidade para fazer o Teste do Pezinho no meu filho e vim direto ao Banco”, disse a mamãe. Na visita ao centro, Elizama foi orientada como massagear a mama e evitar qualquer doença devido ao acúmulo de leite. Ela ainda recebeu as instruções de como recolher o leite devidamente. “Além de irmos pegar o leite nas casas das doadoras, nós também fornecemos os depósitos que devem ser de vidros com tampas de plástico, devidamente higienizados. De segunda a sexta-feira, o carro percorre as diferentes zonas da cidade recolhendo o leite. A mãe doa o quanto quiser, só precisa ser cadastrar. Se decidir parar de doar não tem problema”, garante a nutricionista. Quem quiser doar ou ainda mais informações como a doação pode ser feita, basta ligar para 3228-2022.