A área de Saúde foi o grande destaque da Chamada Nutricional para Crianças Menores de Cinco Anos de Idade Residentes no Semi-árido e Assentamentos do Nordeste. A pesquisa foi realizada em agosto do ano passado, por 274 profissionais, teve como amostra 1618 famílias com crianças na faixa etária de 0 a 5 anos, distribuídos em 33 municípios localizados na região do semi-árido, sendo três em zonas de assentamento. A pesquisa, inédita no país, foi patrocinada pelo Unicef e feita através do Ministério do Desenvolvimento Social. No Piauí ela foi coordenada pela Coordenação de Atenção à Saúde da Criança e do Adolescente. Amanhã (sexta-feira) os relatórios finais da pesquisa serão apresentados e discutidos pela as ações sociais, setores de Educação e Saúde e pelos gestores dos municípios abordados. O evento acontecerá no auditório do Tribunal de Contas do Estado, a partir das 8h30. Entre os resultados mais importantes da pesquisa estão os ligados a maternidade. “Os melhores resultados são ligados à Saúde. Entre as famílias pesquisadas, 99,1% das mães disseram ter feito pré-natal, dessas, mais de 80% fizeram mais de cinco consultas e 80% disseram que iniciaram o pré-natal no primeiro semestre, que é o que nós perseguimos como serviço de saúde”, destaca Carmem Viana, coordenadora da saúde da Criança e do Adolescente da Secretaria Estadual de Saúde. Outra evolução diz respeito registro de nascimento. “Nós estamos fazendo um trabalho muito grande no Estado do Piauí, com apoio do Unicef, para melhorar o programa de registro de nascimento. Ficamos muito surpresos e felizes com o resultado que demonstrou que 95% das crianças têm registro de nascimento. Praticamente 100% das mães disseram que as crianças tinham o cartão de acompanhamento nutricional, 99% das mães tinham em mão o cartão e quase 70% estavam com registro do peso”, ressalta Carmem. Ela explica que alguns indicadores sociais ainda são ruins, especialmente a questão da escolaridade da família, fator que depende de um trabalho de longo prazo. “Mais de 50% dos chefes de família ou eram analfabetos ou tinha uma escolaridade no máximo de quatro anos de estudo. As famílias dos pesquisados 84% das famílias pertencem as classes sociais D e E. São famílias que tem uma vulnerabilidade muito grande e que precisam de uma atenção não apenas da Saúde, mas da Educação e da Ação Social para poder reverter e melhorar esse quadro”, disse a coordenadora. Bolsa Família é fator de proteção contra a desnutrição Outro aspecto pesquisado pela Chamada Nutricional para Crianças Menores de Cinco Anos de Idade Residentes no Semi-árido e Assentamentos do Nordeste foi o impacto do Bolsa Família, que apontou uma queda dos indicadores de desnutrição. “Fazendo uma comparação com pesquisas realizadas no Nordeste e no Piauí houve uma queda substancial da desnutrição. Na última pesquisa no Piauí, deu que 23% das crianças do semi-árido possuíam desnutrição crônica. No Nordeste, uma pesquisa feita em 1996, apontou que a região tinha um índice de desnutrição de 17%. Atualmente, no semi-árido piauiense, que possui maior vulnerabilidade infantil, a pesquisa apontou que apenas 5,9% das crianças possuem esse quadro. Isso demonstra que o serviço de saúde tem tido uma boa atuação”, explica Carmem. Por outro lado, ainda em relação ao programa do Governo Federal, 36% das famílias do semi-árido recebem o Bolsa Família. “Nós ficamos em terceiro lugar em relação ao número de famílias escritas em relação a todos esses Estados e também estamos em terceiro lugar em acompanhamento das famílias pelo setor saúde. Nesse quesito, nós só perdemos para Estados com número de beneficiários bem menor que o Piauí e por isso com mais facilidade para fazer o acompanhamento, o que demonstra que, proporcionalmente, estamos em melhor situação”, revela Viana. O Bolsa Família ainda é considerado como um fator de proteção contra a desnutrição. “A pesquisa contatou que o impacto do Bolsa Família para a proteção da desnutrição chega a 28%. Além disso, 36.6% das crianças que tinham desnutrição recebem o Bolsa Família, que é um incentivo e um fator de proteção para a criança”, explica Carmem Viana.