O Programa Nacional de Triagem Neonatal, conhecido como “teste do pezinho”, alcançou uma cobertura de 55% no atendimento dos bebês nascidos vivos em pouco mais de um ano no Piauí. Desde que o programa foi implantado na rede estadual de saúde, em janeiro de 2005, o Estado vem conseguindo melhor cobertura na realização do exame neonatal entre bebês na primeira semana de vida. Somente no ano passado, foram realizados 21.025 exames do teste do pezinho, dos quais foram detectados oito casos de hipotireoidismo congênito (causado pela falta de uma enzima, impossibilitando que o organismo forme o T4, hormônio tireoidiano, impedindo o crescimento e desenvolvimento de todo o organismo, inclusive o cérebro, sendo a deficiência mental uma de suas manifestações mais importantes) e nenhum caso de fenilcetonúria (caracteriza-se pela falta de uma enzima em maiores ou menores porporções, impedindo que o organismo metabolize e elimine o aminoácido fenilalanina. Este, em excesso no sangue, é toxico, atacando principalmente o cérebro e causando deficiência mental). Este ano, já foram realizados 7.320 exames, sendo registrados um caso de fenilcetonúria e dois de hipotireoidismo. “A proporção de casos de fenilcetonúria é de 1 para 12 mil, e de hipotereoidismo é de 1 para 4 mil”, explica a coordenadora do programa no Estado, Gardênia Val. Segundo ela, há no Piauí uma rede de 179 postos de saúde espalhados por 155 municípios credenciados a fazer o teste do pezinho. “Temos município como Piripiri com mais de um posto de coleta do sangue”, explica a coordenadora. Após a coleta, o sangue é enviado para o Laboratório Central para análise, e os casos positivos são encaminhados para tratamento ao Hospital Infantil Lucídio Portela. O período ideal para fazer o exame é entre o terceiro e o sétimo dia de vida. “O Piauí é o único Estado do Brasil onde o programa conseguiu uma cobertura de 55% em crianças que realizam o teste do pezinho na primeira semana de vida, de acordo com comunicado que recebemos da presidente da Sociedade Brasileira de Triagem Neonatal e assessora em Triagem Neonatal do Ministério da Saúde, Tânia Marini”, informou Gardênia Val. Antes da instituição do programa, o Piauí havia registrado seis casos de fenilcetonúria. Hoje, o Hospital Infantil Lucídio Portela atende a sete casos de fenilcetonúria e 19 e hipotireoidismo. O exame é feito na rede estadual de saúde. Antes, no caso do diagnostico positivo para uma das doenças, era preciso procurar tratamento em outros Estados, como São Paulo e Maranhão. A implantação do programa no Piauí é resultado de um trabalho articulado entre Coordenadoria para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (Ceid) e Secretaria Estadual da Saúde (Sesapi). “Nós nos preocupamos porque algumas das doenças que podem ser prevenidas com o teste do pezinho podem causar uma deficiência neural irreversível. Até então, o teste só existia na Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), e os municípios estavam descobertos. A meta é atingir todos os municípios do Estado do Piauí ”, afirma a coordenadora estadual da Ceid, Rejane Dias. Gestão em Triagem Neonatal será o tema de uma oficina a ser realizada com todas as coordenações do Programa de Triagem Neonatal da região Nordeste, nos próximos dias 6 e 7 de abril, em São Luís, no Maranhão.